terça-feira, 10 de março de 2009

Chimarrão, Lagosta e Spaghetti

Em meio às várias versões e enfoques do caso Battisti, ex-militante durante a década de 70 do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), movimento clandestino italiano, pelo menos uma coisa é certa.
O caso parece ter se tornado antes de mais nada político.
O que está em julgamento deixou de ser o possível grau de envolvimento de Battisti com os homicídios de que é acusado, mas a posição que, em relação aos fatos, tomam as partes envolvidas.
A meu ver dois aspectos merecem consideração:

1) o fato de que obviamente as ações em que Battisti teria estado envolvido e que redundaram em morte, tinham objetivos políticos.
2) ele já foi asilado por 10 anos durante o governo francês protegido pela lei Mitterand.

Caberia saber se, à época, a Itália retirou seu embaixador, fêz ameaças ou exerceu uma pressão semelhante à que andou demonstrando disposição de fazer agora.
Talvez haja nisto algum tipo de preconceito cultural.
O deputado italiano Ettore Pirovano, do partido conservador Liga Norte, dentro da linha de pensamento de que o Brasil não é um país sério ( vide De Gaulle) ironizou o trabalho de juristas brasileiros ao comentar o refúgio político concedido ao ex-militante de esquerda Cesare Battisti. “Não me parece que o Brasil seja conhecido por seus juristas, mas sim por suas dançarinas”, disse Pirovano.
O caso que vai para o STF parece estar assim, colocando em segundo plano o próprio aspecto jurídico , representar o confronto entre a posição, de um lado, defendida pelo ministro Tarso Genro para quem o estado brasileiro deve conceder asilo a um militante político sob a mira de um governo de direita e, de outro, a deste próprio governo italiano, conduzido pelo burlesco Berlusconi, que estaria buscando, em ações como a da punição de Battisti, marcar a firmeza de sua disposição de combater todas as formas de manifestação do pensamento de esquerda.

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