
Uma das questões que recentemente ganhou notícia na conjuntura política brasileira foi a tese do terceiro mandato presidencial. Dois fatores parecem ter contribuído para a ressuscitação desta tese exdrúxula : o prazo para alterar a legislação que se esgotava e a inesperada, pelo menos para o grande público, enfermidade da ministra Dilma. O momento serviu para manifestações e tomadas de posição de vários segmentos, algumas deslocadas e precipitadas, prevalecendo, ao fim, felizmente, para o bem do tão festejado “espírito republicano”,o entendimento de que qualquer proposta de alteração seria desastrosa para a consolidação e amadureciento de nossa ainda extremamente frágil organização política e democrática.Quando, num dado momento, com intervenções de vários setores, começou a ficar claro que esta tese seria extremamente polêmica e conduziria a confrontos de resultados imprevisíveis, o próprio PT, o partido governista e o presidente Lula, acabaram por emitir sinais de que não eram favoráveis à tese, desautorizando-a. O ex-deputado e ex-ministro José Dirceu, por exemplo, escreveu sobre a questão, criticando a tese da reeleição por representar, segundo ele, um enfraquecimento da candidata Dilma.
Ficou, de qualquer forma, do episódio, um alerta. Num cenário , a nível sul-americano, de alterações constitucionais permitindo as reeleições ( embora para um segundo mandato algumas), a tentação de trazer esta experiência para o Brasil poderia parecer a alguns o tão procurado Caminho das ìndias.
Cartão Vermelho e Apito Final
De outro lado o Senado Federal, que em alguns momentos lembra a Escolinha do Professor Raimundo, tal é a sucessão de quadros cômicos proporcionados pelos ilustres senadores, disputa com os programas de entretenimento da televisão brasileira um lugar de destaque. Mas só seria cômico se não fôsse trágico. Salva-se em meio ao talento histriônico do senador Simon e da tropa de choque encabeçada por Renan ( já refeito dos estragos de sua aventura amorosa) e Collor ( este felizmente mal digerido pela nação brasileira) , momentos de absoluta pureza e desperdício artístico como o do cartão vermelho erguido pelo senador Suplicy dirigido a Sarney que, naquele momento, já tinha virado as costas e saído do plenário. Sarney, aliás, encontrou-se com Lula ainda no início da crise. É como se tivesse sido o encontro da Múmia com o Faraó. A dúvida agora passa a ser: depois do cartão vermelho quem vai dar o Apito Final?
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