
Chegamos a ser vizinhos quando manteve, durante um período, um atelier de tapeçaria bem próximo de minha casa na General Teles.
Mais recentemente veio a público expondo trabalhos de escultura e, por fim, com o show Sons do Silêncio, um espetáculo musical feito com muita competência, com muito apuro e de uma apurada sensibilidade artística.
O show é a forma de que se reveste, em cena, o CD gravado em 2007 de forma independente e que procura, nas palavras muito apropriadas da apresentação:
resgatar os 20 anos de sua produção musical "silenciosa", norteado por uma sonoridade introspectiva e intuitiva, alicerçado na musicalidade brasileira e na sonoridade do universo do "Grande Pampa".
Composto somente por músicas próprias e inéditas, o artista, através de um fazer reflexivo e intimista, constrói uma linha poética embasada pela guarda de impressões, como ideologias políticas e existenciais, lugares, sentimentos, pessoas e cenas do cotidiano, procurando despertar as mais variadas sensações, instigando os mecanismos silenciosos do espectador ao questionamento e a sua própria imaginação.
O espetáculo Sons do Silêncio é um convite ao olhar interior, a observar o mais simples num tema gerador de profundas percepções. Onde o extremo efêmero do orvalho ganha intensa vida de sentidos, e a semente suicida morre para germinar. O laborar cotidiano tece a busca pela plenitude. O show une a apreciação com a vivência, possibilita sentir a estética da forma mais ampla, emaranhando som, palavra, luz e cor. Não há como estar fora do espetáculo! O contraste se harmoniza entre os opostos, pois o som e a poesia levam ao mais profundo e frio silêncio individual, enquanto a cor e a luz presentes no palco incendeiam o calor humano vindo das relações. Cada músico, com sua particularidade, é essencial na concepção sonora, onde os contrastes também estão presentes. Há um contraponto da voz grave de Gilberto com instrumentos agudos como o violino. O som traz elementos nativistas, mas vai muito além do tradicionalismo... Agrega violino, piano, cordas de aço e toma a história apenas como meio para reler os significados do hoje. O espetáculo abrange um paradoxo de "movimento estático", "contraste harmônico", assim como o "som do silêncio". (P.R.BAPTISTA)
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